Cortejo do Mastro de São Sebastião foi atração cultural em São João do Itaperiú

Uma das mais ricas tradições católicas de origem açoriana foi vivenciada neste domingo (25/01) em São João do Itaperiú: a produção e cortejo do Mastro de São Sebastião (também conhecido como “puxada”), apresentado pelo Grupo Folclórico Armação do Itapocorói, de Penha.

Com inicio às 9:30 horas, senhoras católicas do grupo folclórico e da comunidade iniciaram o ritual de enfeite do mastro oferecido ao santo. A decoração ocorreu na comunidade Santo Antônio, que celebrava nesse dia a festa em honra a São Sebastião. Um tronco tendo aproximadamente 9 metros foi decorado com flores, adereços e folhagens trazidos por fiéis da própria comunidade.

Durante a produção do mastro, cantorias católicas e versos em honra a São Sebastião e a Jesus foram dedicados. Após a decoração e preparação do mastro, cerca de 30 pessoas, entre homens e mulheres, participaram do cortejo em frente à igreja, seguido pela elevação do mastro. Na sequência, a bandeira do santo foi hasteada pelo prefeito Rovâni Delmonego e pelo vice-prefeito Gilberto Azevedo. Neste momento, a cantoria e as palmas se misturavam com a emoção e a fé. A preparação e apresentação do mastro duraram cerca de uma hora, o suficiente para emocionar os fiéis que nunca haviam vivenciado essa demonstração de devoção na comunidade.

“Foi momento de fé, alegria e devoção, ao ver o tronco que gerou a morte fazer brotar a vida através das flores que o decoraram”, disse a moradora Maria Benta Gadotti, devota de São Sebastião.

A apresentação foi idealizada e organizada pela Gerência de Cultura e Organização de Eventos, por meio do gerente Joél Rocha. “Foi um momento ímpar ao ver a alegria e a emoção nos olhos de cada pessoa”, comenta Joél.

Algumas fotos que retratam a tradição do cortejo do mastro estão em exposição no hall da Prefeitura, disponível para a visitação pública.

 

APOIO DO NEA-UFSC

A tradição de Armação do Itapocorói é também documentada pelo Núcleo de Estudos Açorianos (NEA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segundo Joi Cletison, do NEA, a “puxada” do mastro foi trazida no século 18 à cidade de Penha, e é expressiva herança portuguesa. O Grupo Folclórico Armação do Itapocorói mantém a tradição até os dias atuais, encenando-a sempre no mês de janeiro.

“O povo de Penha percebe a festa como uma cerimônia tradicional cristã, em que elementos naturais, como as flores e o símbolo fálico tornam-se religiosos e sagrados pela presença de São Sebastião. No entanto, a celebração tem um aspecto claramente pagão e pré-histórico, como um ritual de fertilidade: as mulheres retiram flores e folhas do tronco, riem e contam piadas. E afirmam que uma flor retirada do mastro garante um bom casamento”, comenta Joi Cletison.